segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Mil Folhas de Tudo e Nada # 8 | Mudanças e Rabo Firme

Sei que este mês já houve um Mil Folhas de Tudo e Nada, mas convenhamos, eu estava um tanto ou quanto triste nesse dia...eleições e tal, mas hoje a coisa é diferente. Hoje eu estou pura e simplesmente dorida. Dói-me tudo o que é músculo no corpo! Sei que ando a dizer isto desde Junho, mas vou mudar de casa. Finalmente a coisa está a dar-se e desde a semana passada que ando em mudanças. Uma caixita aqui, outra acolá, nada de muito sério, até que chegou o fim de semana. Vou resumir a coisa ao máximo: estou cansada. Optámos por ser nós a mudar tudo quanto é objecto sendo que, quem vai carregar com os móveis e electrodomésticos, são os "senhores das mudanças". Sexta feira de manhã a coisa vai finalmente dar-se o que significa que, nestes próximos 3 dias temos de acabar de pintar a casa, arranjar algumas coisitas por lá e carregar tudo o resto. Como livrólicos que são devem certamente estar a perguntar-se pelos livros; ora eu esclareço. Já lá estão minha gente! =) o fim de semana serviu para carregar com 500 livros! Sim... 500... e ainda faltam os livros infantis e de faculdade! Portanto, entre carregar 500 livros, tapar buraquinhos e lixar paredes, eu estou meio falecida. Para acrescentar um pouquinto de carga extra a isto tudo, esta noite que passou, decidi dormir na casa nova, munida de colchões e sacos cama, qual acampamento. E assim foi... dormi no meio de 500 livros! Tantas histórias, tanto drama, tanto sangue! Adormeci lindamente, mas dormi tão tãooo mal! E as dores nas costas quando acordei? Deus! Mas eu mereço... ai mereço... porque quem me manda a mim ter um vício que causa dores em tudo quanto é músculo? Por outro lado, quando compramos um livro, ele não vem acompanhado de advertência: "ATENÇÃO: em caso de mudança de casa, o livro não se carrega a ele próprio". Seria sem dúvida bastante mais esclarecedor do que certas sinopses que para aí andam. 

Outro aspecto para o qual também ninguém nos alerta, é para o facto de durante a semana das mudanças nos irmos alimentar mal. Simplesmente é assim que é. Come-se qualquer coisa, o que para quem, como eu, não come carne, significa duas coisas... comer sopas ou saladas, e como não como alimentos crus, vai de sopas e pizzas (vegetarianas). Já não posso ver pizza...ou lasanha de espinafres, ou rissóis, ou o que for. Preciso de estabilizar a coisa na minha nova cozinha e ver se faço uma pratada de lentilhas com batata doce! É que sabem, começam a faltar os ingredientes na dispensa e recuso-me a comprar mercearias que depois tenho de carregar duas vezes! No entanto, há que ter algum cuidado! Como é que é possível que ao fim de 1 ano sem carne, o meu corpo peça magnésio? Eu não sei... mas a verdade é que carece disso o que quer dizer que, entre uma caixa e outra lá vai um punhado de amêndoas pela goela abaixo. No fundo é isto. Mudar de casa não é fácil. Somos obrigados a fazer escolhas, ou pelo menos eu fiz. Alguns livros vão ser adoptados por outros livrólicos, montanhas de papeis velhos vão ser reciclados e a única coisa que fica, são os copos que a tia afastada deu, porque convenhamos, ela pode perguntar por eles no próximo almoço de Domingo.
Com isto tudo eu tenho esperanças que o meu rabo fique mais firme e a celulite desapareça... afinal de contas tem de haver benefícios em carregar com caixas escadas acima!

terça-feira, 13 de outubro de 2015

Projecto Boohoo * As Leituras


Aqui ficam as minhas tentativas de leituras para este mês do horror... um já foi -_- faltam 300

Passatempo Uma Praça em Antuérpia * Resultado


Amores da minha vida... já vos disse hoje que gosto muito de vocês?? - diz ela, numa tentativa vã de dar graxa, como forma de justificar a sua ausência. 
Mil desculpas pela falta de actividade por estes lados. Quer no blog como no canal. O caos minha gente, o caos é o que têm sido os meus dias. Mudança de casa, caixas e sacos e panelas... livros e mais livros, opiniões para escrever e vídeos para gravar. Já estão a ver? Espero que sirva de desculpa :D se não... porrada no lombo!
Trago-vos o resultado do passatempo feito em colaboração com a Saída de Emergência, para o livro Uma Praça em Antuérpia
Sem mais demoras, porque tenho uma sopa de agrião ao lume, muitos parabéns à Sandra Marina (que já foi contactada) 
Obrigada a todos os que participaram no passatempo. Foram 115 participações no total sendo que, 111 foram válidas e, não fiquem tristes se não ganharam... tenho uma pilha de livros a precisar de casa e decidi que os vou sortear! 


(como raio meto isto maior???)



terça-feira, 6 de outubro de 2015

A Vinha do Anjo - Opinião

Opinião: Não lia Sveva desde há 4 anos talvez. Não sei bem precisar quando foi a ultima, e única vez, que li um livro dela. No entanto recordo-me muito bem, não só da história, mas sobretudo das emoções e sensações que o livro me transmitiu. Falo-vos de Baunilha e Chocolate, o único livro que li da autora e do qual ainda me recordo muito bem! Não consigo explicar porque motivo nunca mais voltei a esta escritora e olhem que não foi por falta de incentivos! Uma das minhas melhores amigas ama Sveva e está sempre a recomendar-me livros dela e eu, deixo sempre passar. Mas não tornará a acontecer, ai não não!
Mais uma vez obrigada à Porto Editora por me terem dado a oportunidade de regressar à escrita desta maravilhosa senhora. 

Neste livro acompanhamos a história de Angelica, que aos 35 anos de idade, aparenta estar realizada em quase tudo na vida. Angelica é casada, mãe e especialmente, uma empresária de sucesso num dos ramos mais complicados para uma mulher actuar. Por trás desta fachada de vida perfeita as coisas não são assim tão simples; no dia em que Angelica confirma as suas suspeitas face ao comportamento leviano do seu marido, vê-se envolvida num acidente de moto que a leva a conhecer o chef Tancredi, que promete mexer com muito mais do que tachos e panelas, na vida da empresária! É esta a base para este livro fantástico, que longe de ser apenas um romance, é uma verdadeira lição de vida, e já vos explico porquê. 
Aquilo que mais gosto na senhora Sveva, é a capacidade que ela tem de nos transportar para dentro da história e de nos fazer activar todos os 5 sentidos aquando da leitura dos seus livros. É como se estivéssemos mesmo lá, como se fossemos nós a comer os pratos do chef Tancredi, como se fossemos nós a sentir os cheiros, o calor e o frio, todas as sensações do mundo. Não acredito que esteja a generalizar quando digo isto, pois não sou a única pessoa que refere este aspecto acerca dos seus livros. Pois com a história de Angelica, passou-se isto mesmo. Acompanhamos a sua vida desde o começo, com um regresso ao passado, como forma de explicar o seu percurso, a sua forma de ser, as suas aventuras e os seus romances. O mesmo acontece para as personagens do Raffaelo e do Tancredi. Para os compreendermos, voltamos ao começo de tudo. Este aspecto fez toda a diferença na história pois tornou as personagens reais, dando-lhes uma solidez que nem sempre é habitual neste tipo de livro. Foram as experiências das personagens no passado que as levaram ao ponto em que estão e, são também as suas escolhas no presente que mais me marcaram enquanto leitora.  A autora criou um leque de personagens reais, facilmente identificáveis, com tantos defeitos quanto virtudes e cujas escolhas não irão agradar a todos. É importante referir também outro trio de personagens que certamente irá fazer rir à gargalhada os leitores. Os pais de Angelica e Sir Edward. Que trio absolutamente fora do comum. Tão estranhos mas ao mesmo tempo tão reais! É difícil de explicar... só mesmo lendo!
Acredito que talvez aquilo que vá deixar mais marcas nos leitores seja mesmo o final. Que final brutal! Completamente inesperado, longe de ser o final desejado, ou seja o final de contos de fadas, foi o mais adequado possível às personagens e às suas situações. Eu adorei!  Angelica é uma mulher lutadora, com garra, que cai e acaba sempre por se levantar, mas também o são aqueles que a rodeiam, pois representam no fundo, cada um de nós e a nossa capacidade intrínseca de sermos resilientes. Sveva não desilude e por esse motivo, este livro é uma verdadeira lição de vida. 




Sinopse: Longas filas de videiras estendem-se pelas colinas suaves de Borgofranco. Há dois séculos que a família Brugliani é proprietária daquele antigo burgo e das vinhas, tratadas com paciência para delas extrair vinhos preciosos e únicos. Aos 35 anos, Angelica é a herdeira da tradição e do património familiar. Mãe, esposa, empresária de sucesso: tudo parece perfeito na sua vida. Só ela sabe que por detrás daquela fachada se esconde um mundo sombrio, feito de mentiras - as do marido - e de sonhos pueris.
Numa noite, em que conduzia a sua moto e sentindo-se dominada pela amargura e pelas lágrimas, Angelica não se apercebe de que o carro à sua frente está a travar. O choque é violento, mas felizmente sem consequências graves, quer para ela, quer para o condutor do automóvel, Tancredi D'Azaro. Angelica não sabe ainda que aquele homem é um dos chefs mais aclamados em todo o mundo. E ambos ignoram que, depois daquele encontro fugaz, o destino voltará a entrelaçar os seus caminhos, suscitando a tentação de um novo começo. É então tempo de fazer escolhas, tendo em conta o peso do passado e as responsabilidades do presente - porque a vida é feita de sonhos e paixões.

Vinha do Anjo conta-nos a história envolvente de uma família e de uma tradição milenar, o retrato de uma protagonista fascinante no qual se revêem muitas das mulheres empreendedoras e corajosas que anonimamente constroem as nossas sociedades.

domingo, 4 de outubro de 2015

Mil Folhas de Tudo e Nada # 7 | mais do mesmo

... é que nem sei por onde começar a expressar aquilo que me vai na cabeça acerca destas eleições! Sinto-me indignada mas sobretudo estúpida! Estúpida porque não consigo compreender, como é que após 4 anos de tanta tanta austeridade, de tanta precariedade, de tanto retrocesso e, principalmente, de tanta gente a ir embora, os portugueses escolheram manter tudo da mesma forma. Será medo? Só pode ser... porque não acredito que sejamos assim tão idiotas ao ponto de não querer ou não conseguir ver aquilo que nos paira mesmo à frente dos olhos! Nada em Portugal está melhor, nada melhorou caramba. Não se pode usar o argumento do " ah, saímos da crise", quando o meio para lá chegar, foram as pessoas e a sua qualidade de vida! Preciso entrar em detalhes acerca de cada área do nosso país? É preciso falar da saúde, das esperas intermináveis nos hospitais, que não têm condições? Esses mesmos hospitais cheios de camas pelos corredores, onde os médicos e enfermeiros são obrigados a comprar luvas para poder trabalhar? Bem me parecia que não. É necessário falar no estado da educação em Portugal? Nas escolas sem condições físicas, na qualidade das refeições, no numero de alunos por turma, que por vezes ultrapassa os 30? É preciso relembrar todas as crianças cuja única refeição que têm por dia é a que a escola fornece? As crianças cujos pais lutam para conseguir pagar os manuais escolares, as que não têm o que comer, as que não têm um banho a cada dois dias que seja!? Vale a pena falar da cultura ou da segurança em Portugal? Não vale... não me venham dizer que estamos melhor quando basta olhar à volta para perceber que somos pobres! E após estes resultados, sou forçada a admitir que para além de sermos pobres nas carteiras, o somos também de espírito. Porque não temos colhões (em bom português) para tomar decisões e mudar o estado actual das coisas!
Muitas vezes nos meus vídeos faço alusão à adolescente cá de casa. Muita gente pensa que eu com 28 anos tenho já uma filha de 15. Quem não pensaria certo? Mas deixem que vos conte uma história. Há coisa de 3 anos os meus sogros, tal como tanta gente, foram forçados a abandonar o país. Sempre residiram em Portugal; tinham o seu próprio negócio e quando a crise estoirou tiveram de largar tudo e partir. Tiveram de deixar tudo aquilo que sempre conheceram e amavam para trás e partir rumo ao desconhecido. Foram para Angola, onde apesar de trabalharem na sua área, são mal pagos e tão explorados quanto eram em Portugal. Para trás ficou a família. Não fazia sentido levarem uma criança de 13 anos com eles e, nesse sentido, eu fui a primeira pessoa a sugerir que a adolescente ficasse comigo e com o irmão. E assim foi. Deixar uma filha para trás deve ser das coisas mais difíceis de se fazer no mundo. Muitas vezes (demasiadas até) dou por mim a desejar que as coisas fossem diferentes, mas depois não tem como ser! Não quando temos um governo que incentiva os seus jovens a emigrar! Nestes últimos 3 anos perdi, não só os meus sogros, mas também uma mão cheia de amigos, que partiram para vários cantos do mundo. Eu não quero isto! Eu não quero viver num país de velhos, isolada, porque todos aqueles que amo querem ir embora! Eu quero poder ter filhos, sabendo que eles vão poder crescer num país justo onde nunca nada lhes irá faltar! Eu não consigo compreender que um país que vê diariamente os seus jovens a ir embora, decida conscientemente votar na mesma merda, por mais 4 anos! Sinto-me triste, sinto-me revoltada e com vergonha de ser portuguesa... e é isto...